Este artigo foi publicado originalmente n’O Jornal Económico a 29 de julho de 2022. Leia o original aqui.
No que respeita aos combustíveis, as sérias dificuldades apresentam-se a 73% da população, enquanto a frequência do consumo fora de casa reduziu 25%.
São 62% os portugueses que consideram muito difícil fazer face ao aumento dos preços dos produtos no setor do grande consumo, como são os produtos alimentares e os bens essenciais. A dificuldade relativamente às despesas com combustíveis é ainda maior, causando grandes dificuldades a 73% da população, de acordo com um estudo da Kantar para a Centromarca, que analisa o comportamento do setor do grande consumo no segundo trimestre do ano.
Na ida às compras, 43% dizem que vão mais vezes ao supermercado à procura de produtos mais baratos. A frequência aumentou 2,8%, enquanto o volume caiu 5,5% os gastos em cada compra reduziram 2,3%. Significa isto que os portugueses procuram otimizar as suas idas às compras, indo mais vezes, mas na procura de comprar menos e gastar também menos.
O diretor geral da Centromarca, Pedro Pimentel, reconhece que “a inflação está a ter um impacto crescente na carteira das famílias portuguesas, obrigando-as a adaptar-se a uma redução do seu poder de compra”.
Relativamente ao consumo fora de casa, os dados também são claros: 67% dos portugueses reconhece precisar de maior controlo nos seus gastos para conseguir gerir o orçamento familiar, enquanto a frequência do consumo fora de casa decresceu em 25%, mas os custos nessas saídas aumentaram 13%, em comparação com 2019.
O preço médio dos produtos de grande consumo (FMCG) é 11% superior ao que era em 2019, acompanhado pelo aumento de 77 euros no valor gasto em alimentação, entre 2019 e 2022.
O setor que contraria o aumento de preços que se tem verificado é o de Higiene e Beleza, com uma redução de 7,2% no preço médio dos produtos em comparação com o mesmo período de 2019.
Uma cesta básica custa hoje mais 10 euros por mês, o que teria um impacto de 189 euros por ano, caso fosse mantida a composição da mesma cesta.
De acordo com Marta Santos, Sector Diretor da Kantar, “o aumento do preço nesta cesta básica foi ultrapassado com novas escolhas pelo comprador, sendo que 45% do aumento de preços foi ultrapassado por mudança nas escolhas dos compradores. Ou seja, a variação do preço do cabaz sem essas novas escolhas implicaria um aumento de preço de 24% face a 2019, enquanto com os produtos agora comprados a variação real não ultrapassou os 13%”, explica.