A nova era da alimentação

  • Mar 22
  • 0
  • marcelo

A promoção da alimentação saudável tem de ser uma prioridade no presente e no futuro, mas para isso é muito importante aumentar a literacia alimentar.

Falar de alimentação do futuro não é falar de futurismo em fatos de cinza metalizado e invenções que só são possíveis ainda na nossa imaginação. É sim falar de tendências que já começam a verificar-se em muitas insígnias e países. E a nós consumidores, restam-nos duas hipóteses: ou a acompanhamos ou a acompanhamos. Não existe alternativa. A não ser que faça parte daquele grupo restrito de pessoas que consegue comer tudo o que produz.

Mas calma, porque acompanhar esta tendência é provavelmente a melhor coisa que vamos fazer pela nossa alimentação. Até agora, vivemos eras de escassez, de excessos, de benefícios, mas, sobretudo, de malefícios. Hoje somos mais informados e por consequência mais exigentes, temos legislação restrita nesta área e um crescimento de marcas saudáveis e sustentáveis como nunca até aqui aconteceu. A alimentação do futuro implicará mais opções de escolha, além de mais opções saudáveis e economicamente sustentáveis, mas o “mais” é em si uma questão a resolver.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), o mundo terá de produzir mais 70% de alimentos até 2050, para alimentar uma população que deve crescer mais 2,3 biliões de pessoas e cujas necessidades tendem a aumentar. Será um dos maiores desafios da humanidade.

Prestes a entrar na terceira década do século XXI, e com perspetivas de aumento da população mundial e de manutenção de flagelos como a fome, a má nutrição e a seca, a investigação e a ciência são o caminho a seguir para se encontrarem soluções. Nomeadamente, a capacidade da genética para aumentar a resistência das produções, a existência de explorações agrícolas em altura e até no desenvolvimento laboratorial de novas proteínas e complementos nutricionais, para se resolverem problemas como a fome e a má nutrição. Exemplos que já existem e que vão seguramente estourar em breve por todo o mundo.

Temos de poupar o planeta, produzir mais, aproveitar melhor e reduzir desperdícios. É importante adotar uma alimentação variada, constituída por produtos nutricionalmente ricos. Por isso voltar às origens e recuperar os hábitos alimentares sazonais é uma tendência no ocidente que vai beneficiar a saúde da sociedade em geral. A promoção da alimentação saudável tem de ser uma prioridade no presente e no futuro, mas para isso é muito importante aumentar a literacia alimentar. É fundamental que pais e filhos sejam sensibilizados para a importância da alimentação saudável e que façam escolhas conscientes em conjunto, algo que seguramente vai ganhar uma dimensão sem precedentes.

Na cultura oriental tudo isto faz sentido desde sempre e apesar de também terem sido atingidos pela onda do fast food, do qual são consumidores ativos – sobretudo na procura de um “estilo de vida ocidentalizado” –,  a alimentação faz parte da cultura destes países, e é por isso um hábito mais difícil de alterar. Porque quando falamos da cultura oriental, alimentação e saúde têm uma associação clara. Este é um ensinamento que figura em muitos dos livros, até os científicos, sobre uma alimentação correta que promove saúde.

As insígnias do setor estão atentas, e têm feito caminhos interessantes nesta área que só agora se começa a explorar. A tecnologia será seguramente uma ajuda. Vai mudar a forma como se produzem e consomem alimentos e tem um papel relevante na resolução dos problemas que a sociedade mundial enfrenta neste âmbito.

Vamos passar a usar mais apps e chatbots, que podem ajudar a adotar uma alimentação mais saudável e a fazer escolhas mais adequadas a um certo perfil, tal como vamos começar a usar scanners alimentares que nos permitirão identificar os componentes dos alimento. Mas a verdadeira mudança só pode ser alcançada através de sinergias, que envolvam entidades governamentais, empresas, produtores e consumidores. A verdade é que ela está aí, vem melhorar as nossas vidas e, quem sabe, ajudar a prolongá-las. Não tenhamos receio.

Fonte: Jornal Económico