Este artigo foi publicado originalmente n’O Jornal Económico a 15 de abril de 2022. Leia o original aqui.
Entre 30 de março e 6 de abril, o preço de um cabaz de alimentos essenciais subiu 1,29 euros (+0,67%), para um total de 194,92 euros. Entre 23 de fevereiro, um dia antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, e a passada quarta-feira (6 de abril), o mesmo cabaz de alimentos sofreu um aumento de 11,30 euros (+6,15%).
O impacto da guerra em território ucraniano está a levar a um aumento generalizado no preço dos bens, incluindo alimentares e energéticos e, consequentemente, faz disparar a taxa de inflação. Em Portugal, a inflação voltou a subir em março, tendo o indicador de preços acelerado até aos 5,3% em termos homólogos, um novo pico não registado desde outubro de 2011, segundo as estimativas divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Entre 30 de março e 6 de abril, o preço de um cabaz de alimentos essenciais subiu 1,29 euros (mais 0,67%), para um total de 194,92 euros. Entre 23 de fevereiro, um dia antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, e a passada quarta-feira (6 de abril), o mesmo cabaz de alimentos sofreu um aumento de 11,30 euros (mais 6,15%), conforme as contas de especialistas consultados pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO).
Ainda que as subidas sejam transversais a todo o continente europeu, o caso português preocupa pela forte dependência de mercados externos para o abastecimento dos cereais para consumo interno. À entrada para a década de 90, a autossuficiência em cereais rondava os 50%. Atualmente, Portugal regista uma das percentagens mais baixas do mundo (19,4%), obrigando o país a importar cerca de 80% dos cereais que consome.
A DECO monitoriza, desde fevereiro, todas as quartas-feiras, com base nos preços recolhidos no dia anterior, os preços de um cabaz de 63 produtos alimentares essenciais que inclui bens como peru, frango, pescada, carapau, cebola, batata, cenoura, banana, maçã, laranja, arroz, esparguete, açúcar, fiambre, leite, queijo e manteiga.
Ao comparar o preço médio por produto em todas as lojas online presentes no seu simulador, e de seguida, somar o preço médio de todos os produtos, a DECO consegue obter o custo do cabaz para um determinado dia. A análise, segundo a associação, tem revelado “aumentos consecutivos, de semana para semana”.
Se a 30 de março, por exemplo, uma embalagem de pão de forma custava, em média, 1,76 euros, uma semana depois (6 de abril) é preciso gastar mais 0,24 cêntimos, uma subida de 14%. Comprar flocos de cereais e mel também passou a exigir um esforço financeiro maior no espaço de apenas uma semana. A 30 de março, uma embalagem custava, em média, 1,77 euros, mas a 6 de abril o preço já tinha aumentado para dois euros (mais 13%).
Ao analisar exclusivamente as categorias de produto com maior subida de preço entre 23 de fevereiro e 6 de abril, a DECO apurou que a carne e o peixe são as que mais se destacam, com incrementos de 10,02% e 8,91%, respetivamente.
“A limitação da oferta de matérias-primas e o aumento dos custos de produção, nomeadamente da energia, necessária à produção agroalimentar, podem, por isso, estar a refletir-se num incremento dos preços nos mercados internacionais e, consequentemente, nos preços ao consumidor de produtos como a carne, os hortofrutícolas, os cereais de pequeno-almoço ou o óleo vegetal. No peixe, por sua vez, a subida dos preços poderá estar a refletir o aumento dos preços dos combustíveis, que tem um elevado impacto na indústria da pesca”, apontam os especialistas da DECO.