Este artigo foi publicado originalmente n’O Jornal Económico a 27 de junho de 2022. Leia o original aqui.
A sondagem, divulgada em comunicado pela associação ambientalista portuguesa Zero, foi feita em cinco países, Dinamarca, França, Alemanha, Itália e Espanha.
Cidadãos de cinco países europeus querem que os produtos que compram não provoquem a desflorestação de países terceiros, e são contra o atraso de legislação europeia anti-desflorestação, indicam os resultados de uma sondagem hoje divulgados.
A sondagem, divulgada em comunicado pela associação ambientalista portuguesa Zero, foi feita em cinco países, Dinamarca, França, Alemanha, Itália e Espanha.
Indica que “apesar da campanha de desinformação do ‘lobby’ ligado às indústrias alimentares e agrícolas, numa tentativa de atrasar a legislação anti-desflorestação”, com a desculpa da guerra na Ucrânia, sete em cada dez pessoas inquiridas considera que a guerra é usada para continuar a promover produtos que causam a desflorestação.
A Comissão Europeia apresentou uma proposta de regulamento no ano passado para garantir que as cadeias de abastecimento europeias não causam desflorestação e degradação das florestas.
A proposta é discutida na terça-feira no Conselho Europeu, mas segundo um comunicado da Zero há ministros do Ambiente de vários Estados “que estão a ceder ao ‘lobby’ da indústria” e estão “dispostos a enfraquecer o texto final”.
Os resultados da sondagem indicam que quase nove em cada 10 dos inquiridos apoiam o reforço da proposta de regulamento que está em discussão, o que acontece de forma geral, incluindo os apoiantes dos partidos/líderes no poder.
“Os poderosos lobbies da indústria da carne, do óleo de palma e o chocolate estão a exercer pressão política em Bruxelas e nas principais capitais nacionais para diluir uma proposta de regulamento que exigiria garantias por parte das empresas que os produtos vendidos na União Europeia (UE) são livres de desflorestação”, diz a Zero.
“Esta sondagem mostra que os cidadãos europeus querem melhorias à proposta da Comissão Europeia (…). Espera-se que o governo português contribua de forma efetiva para a proposta final de regulamento, que seja robusta e decididamente permita combater fenómenos de desflorestação e atentados aos direitos humanos de povos e comunidades a milhares de quilómetros de distância, possibilitando que os produtos que chegam ao consumidor são garantidamente sustentáveis”, afirma o presidente da Zero, Francisco Ferreira, citado no documento.
A Europa é um dos maiores motores da desflorestação mundial, apenas atrás da China. A União Europeia é responsável por 16% da desflorestação tropical, através da importação de produtos como carne de bovino, soja, óleo de palma, borracha, madeira, cacau e café e produtos derivados.
A agricultura impulsiona quase 90% da desflorestação tropical, diz a Zero, citando a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
A sondagem foi encomendada por organizações ambientais e foram ouvidas 5.000 pessoas, 1.000 em cada país.