Guerra na Ucrânia provoca dias difíceis a restaurante russo em Lisboa

  • Mar 8
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Este artigo foi publicado originalmente n’O Jornal Económico a 4 de março de 2022. Leia o original aqui

 

A funcionar em Lisboa desde 1995, o restaurante vive dias difíceis, conforme disse à agência Lusa a gerente do espaço, Isabel Nolasco.

Desde o início da invasão russa à Ucrânia, o restaurante Tapadinha diz que não tem tido clientes.

O Bife Tártaro e o Frango Kiev são os pratos com mais saída na Tapadinha, o primeiro restaurante russo em Portugal, que perdeu a maioria dos clientes desde o início da guerra, apesar de ali só trabalharem ucranianos e portugueses.

A funcionar em Lisboa desde 1995, este restaurante vive dias difíceis, conforme disse à agência Lusa a gerente do espaço, Isabel Nolasco.

“Levámos com uma pandemia e agora levamos com uma guerra. Dentro do restaurante nem sequer temos russos, apenas portugueses e ucranianos”, afirmou, contando que muitas vezes a tratam por russa, o que já nem se dá ao trabalho de esclarecer.

Há 27 anos a divulgar a comida russa, e não só, o restaurante A Tapadinha, na Tapada da Ajuda, em Lisboa, ficou conhecido pela pintura exterior, com cores garridas e imagens fortes, que se prolongam no interior.

Mas o sucesso chegou com a ementa, desconhecida da maior parte dos lisboetas aquando da sua inauguração. Desde então, pratos como o Farsh po Tatarski (bife tártaro) ou o Kotleta Klirinaia (peito de frango “Kiev”) passaram a fazer parte de muitas refeições, em parte devido ao chef ucraniano que ali trabalha desde que o restaurante abriu as portas.

A ementa deste restaurante russo percorre outras fronteiras, levando aos pratos dos comensais especialidades da Bielorrússia, Sibéria, Cazaquistão e Ucrânia.

Isabel Nolasco não entende a razão para desde sexta-feira, no dia a seguir ao ataque da Rússia contra a Ucrânia, os clientes terem fugido, embora respeite que alguns tenham medo de encontrar neste espaço alguma “confusão”.

Mas garante que por ali tudo está calmo, pois é um sítio de paz, com um ucraniano à frente dos destinos da cozinha, que não pretende falar à comunicação social. Aliás, como disse Isabel Nolasco, está tudo demasiado calmo, sem os clientes de outrora e as marcações do costume.

E isto acontece numa altura em que a pandemia de covid-19 afetou tanto a restauração, uma crise a que A Tapadinha não ficou indiferente.

Parece “bullying”, disse, partilhando alguma esperança em que tudo volte a ser como era, com os clientes a voltarem ao restaurante e a paz ao mundo.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de milhão de refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia, entre outros países.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.