Mais de 60 países têm dificuldades em pagar importações de alimentos

  • Ago 19
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Este artigo foi publicado originalmente n’O Jornal Económico a 10 de agosto de 2022. Leia o original aqui.

 

A informação provém de um e-mail confidencial de uma reunião de uma ‘task-force’ da ONU criada em março, depois de a Rússia ter invadido o maior produtor de alimentos (Ucrânia) para fornecer propostas de políticas para lidar com crises nos sectores de energia, finanças e alimentos.

Mais de 60 países em todo o mundo estão com dificuldades em pagar as importações agrícolas, de acordo com uma ‘task force’ especial da ONU criada no início deste ano, atendendo à crescente insegurança alimentar após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

A ‘task force’ está a concentrar a sua atenção em dezenas de países em todo o mundo, incluindo a Colômbia, o Malawi, o Paquistão e Mianmar, segundo um documento a que o “Politico” teve acesso.

O resumo de uma reunião liderada por funcionários da ONU a 28 de julho diz que a ‘task force’ “continua concentrada nos altos custos das importações que afetam o balanço dos pagamentos em mais de 60 países”, bem como nos desafios de segurança alimentar decorrentes da desvalorização de taxas de câmbio e de orçamentos nacionais com dificuldades para pagar “importações essenciais”.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, formou o Grupo de Resposta a Crises Globais (GCRG – Global Crisis Response Group), composto por 32 membros, em março, depois de a Rússia ter invadido o maior produtor de alimentos (Ucrânia), em fevereiro, para fornecer propostas de políticas para lidar com crises nos sectores de energia, finanças e alimentos.

Desde então, uma rede de intervenientes importantes da fome mundial têm assessorado a componente alimentar do GCRG, liderado em conjunto pelo chefe do Programa Ambiental da ONU, Inger Andersen, e pelo enviado especial para a Covid-19 na Organização Mundial da Saúde (OMS), David Nabarro.

O documento a que o “Politico” teve acesso é um e-mail de Nabarro enviado a 4 de agosto, resumindo a reunião de 28 de julho.

Nabarro escreveu que os participantes da reunião destacaram como “na Serra Leoa, o consumo de alimentos nutritivos pelas pessoas mais pobres está a diminuir, como resultado do aumento dos preços. Riscos semelhantes estão a ser relatados na Colômbia, Congo, Chade, Equador, Iraque, Quénia, Malawi e Mauritânia”.

O e-mail aponta ainda que “organizações de consumidores relatam que os preços estão a aumentar cada vez mais rapidamente no Paquistão, Mianmar, Peru, Malawi, Burundi e Nigéria, com um número crescente de pessoas a pagar acima das possibilidades por necessidades básicas. Cerca de doze governantes estão perto do incumprimento no pagamento de dívidas e muitos procuram oportunidades de alívio das dívidas”.

Este grupo consultivo informal de crise alimentar já se reuniu 13 vezes este ano, mas não há menção da sua existência no site da ONU. Um porta-voz das Nações Unidas disse que não poderia comentar imediatamente.

Um participante da reunião de 28 de julho disse não haver adesão fixa ao grupo, e que cerca de 30 a 40 pessoas foram convidadas a participar na última reunião.