Este artigo foi publicado originalmente n’O Jornal Económico a 9 de março de 2022. Leia o original aqui.
Face aos resultados, a administração do grupo vai propor a distribuição de 493 milhões de euros em dividendos (um dividendo bruto de 78,5 cêntimos por ação).
A Jerónimo Martins, a dona do Pingo Doce e da Biedronka (na Polónia), registou lucros de 463 milhões de euros em 2021, uma subida de 48,3% face aos 312 milhões de euros verificados em 2020.
De acordo com o grupo de distribuição, os resultados assentam numa “sólida evolução das vendas” no ano que se seguiu ao período mais duro da pandemia. As vendas das marcas do grupo cresceram 8,3%, ultrapassando “largamente o marco dos 20 mil milhões de euros”.
A evolução das vendas permitiu à Jerónimo Martins agir em diferentes frentes. Em primeiro lugar, permitiu “limitar a pressão do imposto sobre as vendas introduzido em janeiro de 2021 na Polónia”, depois “beneficiar da alavancagem operacional em Portugal” e, por último, “concretizar avanços importantes rumo à rentabilidade na Colômbia”, onde a Ara entregou “pela primeira vez, EBITDA positivo”.
Citado no comunicado dos resultados, o CEO do grupo, Pedro Soares dos Santos, realçou o bom desempenho das marcas Jerónimo Martins nas várias geografias, deixando ainda uma leve alusão à recente invasão da Ucrânia por parte da Rússia.
“Embora à luz dos recentes eventos na Ucrânia, 2021 nos pareça já muito distante, é justo reconhecer que as nossas equipas superaram novamente os desafios colocados pelas difíceis circunstâncias. Ainda num contexto de pandemia, estabeleceram-se novos recordes de vendas e confirmou-se o valor e a relevância das propostas das insígnias para o consumidor. No conjunto do Grupo, somámos mais de um 1,5 mil milhões de euros às vendas (cerca de 2 mil milhões a taxas de câmbio constantes). A maior contribuição voltou a ser a da Biedronka, sendo que merecem também destaque o Pingo Doce por ter ultrapassado o marco histórico dos 4 mil milhões de euros de vendas e a Ara por ter passado, pela primeira vez, a fasquia dos mil milhões de euros”, sublinhou o máximo responsável do grupo.
Sobre os impactos da invasão da Ucrânia na operação da Biedronka, na Polónia, a Jerónimo Martins diz que ainda é cedo para perceber o real alcance, mas deixa duas notas. A primeira é a de que “o rápido aumento da inflação dos produtos alimentares, da energia e dos transportes” está a ser “intensificado pelo conflito militar e por crescentes limitações sentidas nas cadeias de abastecimento internacionais”. A segunda nota é que já se está a verificar uma “visível depreciação das moedas da Europa de Leste, nomeadamente do zloty”, a moeda polaca.
Ainda assim, pelo menos “neste momento, a Biedronka espera poder manter o seu plano de expansão para o ano de 2022 e abrir cerca de 130 lojas e um novo centro de distribuição, bem como remodelar cerca de 350 localizações”.
Face aos bons resultados globais, o administração do grupo vai propor a distribuição de 493,3 milhões de euros em dividendos, o que corresponde a um dividendo bruto de 0,785 euros (78 cêntimos por ação).
“Tendo presente os resultados líquidos consolidados apurados para o ano de 2021, a forte situação financeira do Grupo que terminou o ano com uma posição líquida de caixa de mil milhões de euros e o bom momento dos negócios, entende o Conselho de Administração propor à Assembleia Geral Anual de Acionistas a distribuição de 493,3 milhões de euros de lucros do exercício e reservas livres”, indicou o grupo em comunicado.
“A proposta de distribuição de lucros do exercício e de reservas livres corresponde a um dividendo bruto de 0,785 euros por ação, excluindo as 859.000 ações próprias em carteira”, completou.