Crise alimentar fará “milhões de vítimas” de doenças infecciosas

  • Jun 30
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Este artigo foi publicado originalmente n’O Jornal Económico a 23 de junho de 2022. Leia o original aqui.

Esta vulnerabilidade poderá desencadear uma nova crise sanitária, afirmou Peter Sands em entrevista à agência de notícias francesa AFP, à margem de uma reunião dos ministros da Saúde do G20 em Yogyakarta, Indonésia.

A crise alimentar mundial desencadeada pela guerra na Ucrânia fará milhões de vítimas ao tornar as populações mais vulneráveis a doenças infecciosas, alertou hoje o diretor executivo do Fundo Global de combate à Sida, Tuberculose e Malária.

Esta vulnerabilidade poderá desencadear uma nova crise sanitária, afirmou Peter Sands em entrevista à agência de notícias francesa AFP, à margem de uma reunião dos ministros da Saúde do G20 em Yogyakarta, Indonésia.

O bloqueio da Rússia aos portos ucranianos do Mar Negro interrompeu as exportações de cereais do quarto maior exportador mundial de trigo e milho, ameaçando o abastecimento de alimentos em muitos países.

Escassez de alimentos que, segundo o Sands, não levará apenas à fome, mas também ao enfraquecimento da resistência das populações expostas a doenças infecciosas por causa de uma nutrição deficiente.

“Acho que a próxima crise de saúde provavelmente já começou. Não com um vírus novo, mas sim pelo facto de muitas pessoas desnutridas estarem mais vulneráveis a vírus já existentes”, explicou, sublinhando que “o impacto combinado de doenças infecciosas, escassez de alimentos e crise de energia pode causar milhões de mortes”.

Os governos de todo o mundo “devem dar prioridade aos cuidados de saúde primários” em aldeias e comunidades mais frágeis para reduzir o impacto da crise alimentar nas populações mais pobres e vulneráveis, sublinhou o britânico que lidera o Fundo Global, entidade que gere cerca de quatro mil milhões de euros.

A batalha contra o coronavírus que causa a doença da covid-19 desviou recursos da luta contra a tuberculose, que matou 1,5 milhões de pessoas em 2020, segundo dados da Organização Mundial da Saúde.

“Foi um desastre para a [luta contra a] tuberculose”, lamentou Peter Sands, acrescentando que “em 2020, havia menos 1,5 milhões de pessoas em tratamento da tuberculose o que, infelizmente, significa que centenas de milhares de pessoas vão morrer [desta doença] e infetar outras”.