Medidas para a seca “ficam aquém das necessidades”, diz Confederação Nacional da Agricultura

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Este artigo foi publicado originalmente n’O Jornal Económico a 22 de fevereiro de 2022. Leia o original aqui

 

“São necessários e urgentes apoios financeiros extraordinários para os agricultores que se encontram asfixiados devido ao aumento de despesas”, defende a CNA, que alerta para o perigo de encerramento de muitas explorações agrícolas, sobretudo familiares, se não se atenderem as medidas que propõe.

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) considera que as medidas anunciadas para a seca “ficam aquém das necessidades” e defende “que os agricultores precisam de apoios urgentes pela perda de rendimentos e para fazer face às despesas crescentes nas explorações agrícolas”, que passam por combater a escalada especulativa dos combustíveis, da eletricidade, dos fertilizantes e das rações.

“Mais do que medidas administrativas que antecipam direitos adquiridos, de outras que flexibilizam restrições, de programas de investimento ou medidas que arriscam aumentar o endividamento, são necessários e urgentes apoios financeiros extraordinários para os agricultores que se encontram asfixiados devido ao aumento de despesas com a alimentação animal ou com a rega, agravadas pela subida brutal, nos últimos meses, dos preços das rações, dos adubos e dos fertilizantes, do gasóleo ou da eletricidade”, reivindica o comunicado enviado ao Jornal Económico.

A CNA, exige que sejam implementadas, no imediato, “medidas que venham reforçar a capacidade financeira dos agricultores e que passem pela atribuição de ajudas a fundo perdido pela perda de rendimentos e capazes de repor o potencial produtivo onde este tenha sido afetado”.

“Pela desastrosa situação que vive, em especial o sector pecuário, a CNA reclama, ainda, a criação de ajudas à alimentação animal para minimizar as dificuldades decorrentes da escassez de pastagens, fenos e palhas, e dos elevados custos com rações – sem esquecer a alimentação das abelhas afetadas pela diminuição da floração”, acrescenta.

A CNA destaca que “o Governo está a prejudicar os agricultores e a desrespeitar a Assembleia da República ao não concretizar a medida da “eletricidade verde”, aprovada no Parlamento e que deveria estar em vigor desde 1 de Janeiro”.

A confederação defende ainda o aumento do desconto no gasóleo agrícola e o combate ao “poderio desmedido da grande distribuição, que esmaga, em baixa, os preços na produção nacional” e que “lucra sem que faça chegar esses aumentos a quem produz”. Assim, relembra que apresentou uma proposta concreta para proibição das vendas com prejuízo ao longo da cadeia agroalimentar, que “deve rapidamente ser posta em prática para salvaguardar os rendimentos dos agricultores e a viabilidade das explorações agrícolas”.

“Com 90% do território em seca severa ou extrema, se estas medidas não avançarem, muitas explorações agrícolas serão forçadas a encerrar”, alerta, sublinhando que “serão sobretudo as pequenas explorações da Agricultura Familiar a ficar pelo caminho e, sem elas, ficam os territórios rurais mais suscetíveis aos efeitos das mudanças do clima e a fenómenos extremos como os grandes e violentos incêndios”.