Segundo a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verde (CVRVV) a produção de 2021/2022 atingiu os 84,9 milhões de litros.
Em declarações à agência Lusa o presidente cessante da CVRVV, Manuel Pinheiro, afirmou que, apesar de os números de 2021 ainda não estarem fechado já é possível afirmar que as exportações de vinho verde atingiram um “recorde de exportações”.
Até novembro de 2021 foram registados 73 milhões de euros de exportações, “um aumento de 6,9%” face ao mesmo período de 2020, que deverá levar à ultrapassagem dos 74,3 milhões de euros da totalidade de 2020
Em declarações à Lusa o presidente da CVRVV afirmou: “O vinho verde exporta-se para cerca de 104 mercados. Os primeiros são os Estados Unidos e a Alemanha. Os Estados Unidos é um mercado muito interessante, mais de 10 milhões de litros, porque é um mercado muito diverso, no qual nós estamos a crescer imenso” e acrescentou que “entre os mercados que se têm movimentado, eu diria, pela positiva, a Polónia, que tem crescido muito, a Rússia que tem crescido muito” detalhando que o mercado polaco cresceu 34%, de 3,8 milhões de euros para 5,2 milhões.
Manuel Pinheiro alertou ainda para o efeito do aumento dos preços de produção, reconhecendo que o custo da energia “afeta a fileira toda” e que “há dificuldades de obter contentores e de obter barcos”, pelo que existen “produtores que têm produto para enviar e têm dificuldade em o colocar no mercado”
Sobre os preços no mercado nacional explicou que “Portugal é um dos países da Europa onde o vinho é mais barato e onde a relação qualidade-preço do vinho é mais interessante para o consumidor”. Deixou ainda a esperança que assim se mantenha, mas lembrou que “o objetivo de todos nós, de facto, é trazer mais valor para o negócio do vinho”.
Desafiado a fazer um balanço sobre o estado atual do sector, Manuel Pinheiro explicou que “os grandes produtores e as grandes marcas estão presentes em força na distribuição moderna e na exportação, onde tiveram melhores resultados, e os produtores mais pequenos estão sobretudo em vinhos de maior valor e na restauração nacional”. Não deixou contudo de lembra que “houve produtores muito pequenos que viram o chão desaparecer debaixo dos seus pés”, com a crise na restauração fruto da pandemia, mesmo que os números gerais se tenham mantido “bons” e espera que os resultados positivos não impeçam de “perceber que ali no meio há pessoas que passaram com muita dificuldade”.
À frente da CVRVV há 22 anos, Manuel Pinheiro fez questão de comparar a diferença dos preços pagos aos agricultores portugueses com os que são pagos, por exemplo, na região do Champagne, em França.
“Quando sabemos que na região do Champanhe as uvas são pagas ao agricultor aos cinco euros o quilo e em Portugal são pagas a menos de 50 cêntimos, em média, aqui está um objetivo, que é o de valorizar as nossas uvas”. O responsável considera que uma valorização do seu produto “é fundamental para que os agricultores tenham uma vida digna e para que as novas gerações se possam dedicar à agricultura”.
Para isso considera essencial a segmentação de mercado, já que “durante os últimos anos, o grande objetivo do vinho verde foi ganhar mercado e ganhar notoriedade, e houve sucesso nisso”, mas agora é necessário “gerar mais valor”. “Temos de dizer ao cliente que há um vinho verde base jovem, verde e fresco, com um preço mais competitivo, e depois há Loureiros, há Alvarinhos, de pequenas regiões e pequenos produtores que merecem bem ser pagos a um preço mais elevado porque são vinhos, também, de elevada qualidade”.
A Região dos Vinhos Verdes abrange 48 concelhos do noroeste do país, conta com cerca de 16 mil hectares de vinha, aproximadamente 15 mil produtores de uva e cerca de 370 engarrafadores com marca própria.
Cerca de metade dos 150 a 170 milhões de euros do volume de negócio do vinho verde, à saída dos produtores, destina-se à exportação.