Produtores em França acendem velas entre as vinhas para salvar colheitas

  • Abr 7
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Este artigo foi publicado originalmente n’O Jornal Económico a 4 de abril de 2022. Leia o original aqui

 

Depois de calor acima do normal em março, os vinhateiros franceses enfrentam uma vaga de frio polar. Velas, eletricidade ou água são algumas das armas usadas para tentarem salvar as colheitas deste ano.

Os produtores de vinhos em França estão a acender velas durante a noite entre as vinhas para salvar as colheitas devido à vaga de frio tardia que se faz sentir no hexágono, revela a “Associated Press”.

Este é o método usado pelos vinhateiros nas regiões de Chablis e da Borgonha para tentar salvar as colheitas numa altura em que as temperaturas atingem os cinco graus negativos.

Os produtores temem que a geada tardia mate as uvas que já nasceram em março depois de temperaturas acima de 20 graus registadas no mês passado, acima do normal para a época.

Em 2021, houve um fenómeno semelhante e a geada provocou prejuízos estimados em dois mil milhões de euros, com cientistas a apontar que este fenómeno pode-se dever às alterações climáticas: calor mais cedo do que o habitual, seguido de uma vaga de frio polar, segundo os investigadores do World Weather Attribution.

Os vinhateiros tentaram aquecer as vinhas usando velas, cabos elétricos ou borrifaram água para proteger a planta do congelamento: a água cria uma camada fina de gelo que garante que a vinha não vá além do ponto de congelamento.

Para tentar salvar as suas vinhas premium – Grand Cru e Premier Grand Cru – o produtor Daniel Defaix da região de Chablis teve de investir 10 euros por vela de parafina num total de 600 velas por hectare, num total de 30 mil euros. No entanto, os restantes 25 hectares que detém ficaram à mercê das forças da natureza.

“Depois disto, resta-nos cruzar os dados e rezar a Deus”, disse Daniel Defaix à “AP”, destacando que esta é uma “geada muito séria” e que atingiu os sete graus negativos em alguns locais. Para combater a geada, colocou velas no solo ou montou sistemas especiais de irrigação.

No ano passado, o Governo francês classificou a geada como “provavelmente a grande catástrofe agrícola do principio do século XXI”.