Este artigo foi publicado originalmente n’O Jornal Económico a 3 de fevereiro de 2022. Leia o original aqui.
Em declarações à agência Lusa, o responsável da APA, Autoridade Nacional da Água, explicou que para aquelas três albufeiras “foram definidas cotas limite a partir das quais não se pode produzir de energia hidroelétrica para guardar água para dois anos de consumo urbano”.
O vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) disse hoje que o baixo nível de armazenamento de água nas bacias hidrográficas do Norte está a ser acompanhado com “particular atenção”, apesar do limite já fixado para produção de energia.
“Na bacia do Lima, a albufeira do Alto Lindoso, está a 15% do seu volume total (…). Na bacia do Cávado, na barragem do Alto Rabagão, a percentagem de água armazenada é de 20%, também um valor baixo para esta altura do ano e, na bacia do Douro, a barragem de Vilar de Tabuaço (Sernancelhe) também regista valores baixos, 19% do volume total de água armazenada”, afirmou Pimenta Machado.
Em declarações à agência Lusa, o responsável da APA, Autoridade Nacional da Água, explicou que para aquelas três albufeiras “foram definidas cotas limite a partir das quais não se pode produzir de energia hidroelétrica para guardar água para dois anos de consumo urbano”.
“Do ponto de vista do abastecimento público, os valores estão seguros. Garantem dois anos, mesmo que não chova e, obviamente, essa é uma situação impensável”, referiu Pimenta Machado,
Especificou que na barragem do Alto Lindoso, em Ponte da Barca, no distrito de Viana do Castelo, “foi fixada a cota 286, quando o nível mínimo de exploração é a cota 280”.
No Alto Rabagão “foi fixada a cota 849,9 e, na barragem de Vilar de Tabuaço a cota 532”.
“Hoje em dia, já temos mecanismos que nos permitem reajustar as cotas das albufeiras onde existe produção de energia hidroelétrica. Sem que isso implique qualquer indemnização à EDP. Nos contratos de concessão está prevista esta situação. Foi com base nesses mecanismos que fixamos esses novos limites”, sustentou.
Segundo Pimenta Machado, esta medida já pode vir a ser reajustada, caso seja necessário.
“Durante o mês de fevereiro vamos estar muito vigilantes. Vamos monitorizar a situação todos os dias. Já estão previstas novas reuniões para o início de março para reavaliar todas as medidas que já tomamos e reajustar, se necessário”, observou.
Garantiu ainda o “reforço de monitorização à qualidade da água, quer na bacia do Lima quer na do Douro e nas outras bacias da região para avaliar a evolução do seu estado”.
“A qualidade da água [é] sempre um tema preocupante em tempo de seca. No caso particular da bacia do Lima, a água da rede é de qualidade. É verdade que quando os níveis reduzem a água pode piorar, mas não é o caso”, sustentou, referindo-se às preocupações hoje manifestadas pelo presidente da Câmara de Ponte da Barca.
Pimenta Machado destacou que janeiro passado “foi o segundo mais seco dos últimos 20 anos, com valores muito reduzidos de precipitação” e adiantou que “as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) indicam que nos próximos 15 dias o tempo vai continuar seco”.
“Estamos a reunir com as entidades gestoras, com a EDP, com os municípios, com a Comissão Nacional de Albufeiras para adotar medidas para fazer frente a um ano muito seco. Vamos iniciar um conjunto de reuniões regionais, sub-regionais para monitorizar e reavaliar as medidas já tomadas”, apontou.
Pimenta Machado acrescentou que a APA vai iniciar, em conjunto com os municípios, campanhas de sensibilizar da população para a poupança da água, e maior eficiência na sua utilização”.
Indicou a criação de condições para o uso não potável das águas residuais das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) quer para os regadios, quer para lavagem de ruas.
“Há um diploma que define as condições para a reutilização das águas residuais das ETAR. É obviamente uma fonte alternativa para poupar água”, disse.
Pimenta Machado apelou à poupança de água, preocupação que, defendeu, deve começar nas pequenas atividades domésticas.
“Lavar com menos frequência o carro, ter cuidado com a rega do jardim, usar torneiras mais eficientes”, exemplificou.
Às entidades públicas que fornecem água às populações, pediu o reforço da aposta no uso eficiente da água, reduzindo as perdas, o mesmo que propôs ao setor agrícola, “principal consumidor de água no país, mais de 70%.
“Portugal tem um consumo anual da ordem dos seis mil hectómetros cúbicos de água, qualquer coisa como dois Alqueva. É preciso apostar muito na eficiência para poupar água”, sublinhou.