Este artigo foi publicado originalmente n’O Jornal Económico a 20 de setembro de 2022. Leia o original aqui.
Com as as exportações ucranianas significativamente reduzidas, o milho ficará 4,6% mais caro e o trigo 7,2% mais caro.
Um estudo citado pela “France 24” concluiu que a invasão da Ucrânia pela Rússia pode fazer com que os preços de cereais a longo prazo subam 7%.
O bloqueio da Rússia aos portos do Mar Negro e as sanções a Moscovo causaram aumentos de preços de curto prazo e desencadearam temores de uma crise aguda de fome. A Rússia e a Ucrânia, juntas, exportam cerca de 28% da oferta mundial de trigo.
Especialistas nos Estados Unidos e no Uruguai estudaram o provável impacto do conflito nos preços do trigo e do milho nos próximos 12 meses, analisando vários cenários.
Um dos cenários aponta que se as exportações russas de cereais fossem reduzidas pela metade e as exportações ucranianas significativamente reduzidas, o milho seria 4,6% mais caro e o trigo 7,2% mais caro – mesmo supondo que outros exportadores pudessem intervir e preencher o déficit.
O estudo também descobriu que outros grandes produtores precisariam expandir significativamente as suas áreas de cultivo de cereais. Se todas as exportações de cereais da Ucrânia cessassem, a Austrália precisaria expandir a área de trigo em 1%, a China em 1,5%, a União Europeia em 1,9% e a Índia em 1,2%.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, já tinha alertado em julho que a invasão da Ucrânia pela Rússia combinou com os persistentes impactos comerciais do Covid-19 no sentido de criar uma “crise global de fome sem precedentes”.
Os dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação mostram que os preços dos alimentos estão atualmente mais de 10% mais elevados do que eram há um ano.
Embora Moscovo e Kyiv tenham chegado a um acordo em julho para retomar algumas exportações, mas existe o receio de que o conflito possa levar a anos de aumento dos preços dos alimentos.