Categoria: Notícias

Emprego agrícola subiu 20%

  • Abr 27
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  • marcelo

A agricultura portuguesa emprega 77 mil pessoas em funções permanentes, um crescimento de 20,5% em três anos e de mais de 50% desde 2009. Os dados são do INE e mostram que destes, 14 mil têm cargos de direção na agricultura.

Mas apesar do aumento do emprego no setor, a idade média do produtor agrícola em Portugal aumentou dos 64 anos em 2013 para 65 anos em 2016, com os dados a mostrarem ainda que cerca de dois terços dos agregados domésticos dos produtores têm como fonte de rendimento pensões e reformas.

No que diz respeito às culturas em que os agricultores portugueses mais investem, destaque para os frutícolas, hortícolas, vinho, azeite e cereais.

Recentemente, o INE revelava que, em 2016, a agricultura biológica ocupava já cerca de 6,9%da Superfície Agrícola Utilizada em Portugal, um valor que deverá continuar a aumentar, sobretudo agora que já está em marcha a Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica’, um plano que estabelece cinco objetivos estratégicos e dez metas para atingir no espaço de uma década.

Fonte: Vida Rural 

Portugueses querem produtos biológicos mas ignoram uso de pesticidas

  • Abr 26
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  • marcelo

Quase dois terços dos portugueses preferem consumir somente alimentos biológicos, mas apenas um quinto diz saber que a agricultura biológica também utiliza produtos fitofarmacêuticos ou pesticidas, concluiu um estudo divulgado esta quinta-feira.

Os resultados do estudo mostram que “65% dos participantes [num inquérito] prefere comer apenas alimentos biológicos”, mas “só aproximadamente 19% acredita que a agricultura biológica utiliza os produtos fitofarmacênticos, conhecidos por pesticidas”, disse à agência Lusa uma investigadora que participou no trabalho, Isabel Moreira.

O estudo foi realizado pelo Centro de Estudos Aplicados da Católica-Lisbon, School of Business & Economics em parceria com a Associação Nacional para a Indústria da Proteção das Plantas (ANIPLA) com o objetivo de saber mais sobre o conhecimento da população portuguesa relativamente à realidade da produção de alimentos. Foram focadas áreas como a relação entre os produtos fitofarmacêuticos e a produtividade agrícola, o impacto económico e a acessibilidade aos bens alimentares e a perceção face à produção e aos alimentos de agricultura biológica.

Do total de 961 inquiridos, 61% respondeu que concorda totalmente ou tende a concordar que, para manter os alimentos acessíveis, os agricultores devem ser capazes de combater as infestantes, pragas e doenças com produtos fitofarmacêuticos.

Uma das grandes conclusões do estudo, segundo destaca a investigadora Isabel Moreira, é que “85% dos inquiridos acreditam que os produtos fitofarmacêuticos, vulgarmente conhecidos como pesticidas, são concebidos com o objetivo proteger as plantas de influências prejudiciais”, como insetos nocivos, infestantes, fungos e outros parasitas.

“Além disso, 68% referem que, sem o uso de produtos fitofarmacêuticos, mais de metade das culturas mundiais podem ser perdidas a cada ano, devido a pragas e a doenças das culturas”, referiu Isabel Moreira. A juntar ao facto de 65% dos inquiridos transmitir a preferência por alimentos biológicos, 66% diz que consumir produtos biológicos regularmente reduz o risco de cancro.

Fonte: Observador 

 

Estudo internacional indica caminhos para mitigar os efeitos das alterações climáticas na agricultura

  • Abr 25
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Os eventos climáticos extremos «vão ser cada vez mais frequentes e de maior duração e os agricultores vão ter de se adaptar, encontrando novas formas de gestão agrícola e agroflorestal por forma a tornar este setor mais resiliente às alterações climáticas», afirma o cientista José Paulo Sousa, do Centro de Ecologia Funcional da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), coordenador de uma equipa de investigadores portugueses que participa no estudo internacional ECOSERVE, que está a avaliar os efeitos das alterações climáticas nos processos biológicos do solo.

Uma medida para mitigar os efeitos de eventos climáticos extremos, nomeadamente períodos prolongados de seca, revelam os primeiros resultados do estudo, passa pela utilização de variedades de plantas cultiváveis com as caraterísticas mais adequadas para promover o sequestro de carbono no solo, de modo a aumentar o uso eficiente da água e dos nutrientes. Um maior teor de carbono no solo implica uma maior capacidade de o solo reter água e disponibilizá-la para as plantas, logo menor é a necessidade de rega.

O trabalho científico, publicado na revista “Journal of Applied Ecology”, comprovou, também, que o tipo de agriculta praticada influencia o sequestro de carbono no solo.

Segundo os investigadores, os sistemas de cultivo orgânicos, sistemas em que a utilização de químicos é muito reduzida e onde os resíduos de uma cultura são utilizados como fonte de matéria orgânica para a cultura seguinte, originam maiores stocks de carbono no solo do que sistemas de cultivo convencionais.

Este facto, explica José Paulo Sousa «está intimamente relacionado com as caraterísticas das espécies cultivadas, especialmente com a facilidade com que os resíduos destas espécies se decompõem e são posteriormente incorporados no solo», ou seja, «temos espécies ou variedades que influenciam de forma positiva a quantidade e qualidade dos stocks de carbono no solo».

Através de uma meta-análise global, complementada com medições em campo, a equipa relacionou as «caraterísticas de diferentes espécies cultivadas com as respostas dos stocks de carbono nos dois tipos de cultivo, tendo encontrado relações significativas entre a presença de espécies que originam resíduos da cultura mais recalcitrantes, normalmente utilizadas em cultivos orgânicos, e maiores stocks de carbono», observa o também docente da FCTUC.

Estas conclusões são relevantes porque «fornecem pistas para possíveis medidas de mitigação dos efeitos de alterações climáticas na agricultura. Ao utilizar variedades de espécies cultiváveis com as caraterísticas apropriadas, os agricultores podem mitigar estes efeitos, aumentando o stock de carbono no solo, logo aumentando o uso eficiente da água e dos nutrientes», conclui José Paulo Sousa.

O estudo ECOSERVE envolve, além da equipa da Universidade de Coimbra, investigadores de Espanha, França, Holanda, Suécia e Suíça.

Fonte: AgroTEC

Fula lança kit para transformar óleo usado em velas

  • Abr 24
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A Fula lançou recentemente um kit que permite aos consumidores transformarem os óleos usados em velas perfumadas.

De acordo com a marca, este kit possui uma garrafa de óleo alimentar Fula, uma embalagem com instruções e materiais necessários para fazer uma vela perfumada com o óleo usado: 20g de pó perfumado, um pavio, um suporte de pavio e duas pastilhas de cor.

“Em poucos minutos e com a ajuda de um micro-ondas temos uma vela perfumada para decorar a casa ou para oferecer como um presente muito especial. Este kit prático e pedagógico permite reciclar 100ml de óleo usado, criar uma vela que dura até 30h e salvar 50 litros de água”, explica a marca.

 

Fonte: Distribuição Hoje

 

Dia Mundial do Livro: Guia para uma Educação Alimentar

  • Abr 23
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No Dia Mundial do Livro, o FNA sugere o livro ” Guia para uma Educação Alimentar”, de Alexandre Fernandes.
O presente livro é último de uma trilogia de “Guias” que tem como finalidade a consciencialização das vantagens em alterar os seus hábitos alimentares: “Guia para Uma Alimentação Saudável”; “Guia para uma Culinária Saudável”; e por fim este “Guia para uma Educação Alimentar” – fundamental para quando se quer compreender e… mudar de hábitos.

Boas Leituras 

 

Sociedade 5.0, desafios e oportunidades

  • Abr 23
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  • marcelo

O que ganha uma empresa em fazer uso da sociedade 5.0 para o seu futuro? Tudo. Porquê? Porque uma empresa só tem sucesso quando tem pessoas felizes. E cabe ao seu líder essa função. Como? Criando todas as condições que ajudem a melhorar o dia-a-dia de cada um dos seus colaboradores, porque, ao fazê-lo, vai estar a contribuir para uma sociedade mais feliz, mais satisfeita e, consequentemente, mais produtiva.

Sociedade 5.0 é um conceito que partiu do Japão, mas que já se espalhou pelo mundo e que pode revolucionar muito mais do que a Indústria 4.0. Porque promete revolucionar a sociedade por um bem maior: a humanidade. Ou seja, enquanto a Indústria 4.0 se centra no melhoramento da produção, num conceito fabril e de negócio puro e duro, a Sociedade 5.0 procura o melhoramento da qualidade de vida do ser humano.

A nova era da Sociedade 5.0 passa pela compreensão de que tudo no futuro estará conectado e de que a sociedade terá de ser adaptável. O Japão fê-lo antes de todos os outros por uma razão simples: o envelhecimento da população, um dilema da terceira maior economia do mundo, mas também da Europa e de muitos outros locais espalhados pelo globo.

A ideia de uma Sociedade 5.0 é que a tecnologia deve servir para melhorar a qualidade de vida de cada um de nós, colocando os sistemas inteligentes ao serviço do ser humano, ajudando-o a resolver problemas como: envelhecimento da população, limitação de energia elétrica, desastres naturais, segurança e desigualdade social. E para as empresas? Será um desafio, sem dúvida. Sobretudo porque exige uma mudança de mentalidades e um assumir de novos desafios. Mas as oportunidades podem ser infinitamente maiores do que os riscos que o desafio acarreta, porque teremos colaboradores mais felizes, mais integrados e mais comprometidos com a empresa. Um ambiente mais transparente e resultados certamente mais promissores.

Vale a pena arriscar e deixar que os filmes futuristas passem a ser uma realidade, colocando os avanços da tecnologia ao serviço da sociedade. Haverá muitos desafios, mas muitas mais serão as oportunidades. Acredito que será uma vantagem inigualável para trabalhadores, empresas e para cada país que implementar este conceito.

José Manuel Costa, Consultor

Fonte: Diário de Notícias

 

 

Francisco Seixas da Costa é a mais recente confirmação do APED Retail Summit

  • Abr 22
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Francisco Seixas da Costa, antigo Secretário de Estado dos Assuntos Europeus e embaixador representante na ONU e na UNESCO, é a mais recente confirmação do APED Retail Summit, evento que se realiza já nos próximos dias 8 e 9 de maio no Museu do Oriente , em Lisboa.

O embaixador irá falar de geoestratégia e de  política internacional, tema que continuará a ser debatido numa mesa redonda dedicada ao tema ‘A nova (des)ordem mundial’ e que contará com a participação de Adolfo Mesquita Nunes (político e antigo Secretário de Estado), dos professores e especialistas em relações internacionais Ana Santos Pinto e Miguel Monjardino, de Margarida Marques (deputada e antiga Secretária de Estado dos Assuntos Europeus) e de Paulo de Almeida Sande (professor e consultor político do Presidente da República).

Em discussão estarão questões como qual o futuro da Europa “sem fronteiras”? Que impacto poderá ter o Brexit? Estarão os EUA a regressar ao protecionismo em contraciclo com a vontade/necessidade de crescimento global de economias de países como a China e a Índia?

Fonte: Distribuição Hoje 

Tecnologia inovadora para criar produtos alimentares mais ricos

  • Abr 21
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Com a utilização de tecnologia inovadora, aquilo que até agora ia para o lixo passará a ser reaproveitado. Esta é a base de um dos projectos que está a ser desenvolvido no Centro de Engenharia Biológica da UMinho para criar produtos alimentares mais ricos em vitaminas e minerais, a partir do reaproveitamento de excedentes alimentares. Bagaço de uva, soro de leite, resíduos de castanha, tomate e batata são alguns dos, até aqui, desperdícios que vão agora ser utilizados para criar produtos de valor acrescentado, ganhando uma nova vida enquanto alimentos saudáveis e de elevada qualidade.

Os resultados já obtidos até ao momento, despertaram o interesse da indústria pelo que várias iniciativas já estão a ser implementadas em parceria com empresas do sector alimentar.

Em comunicado, a Universidade do Minho explica que “o processo utilizado para reaproveitar os alimentos tem níveis de eficiência energética acima dos 95% e apresenta duas grandes vantagens ao nível ecológico. Por um lado, utiliza tecnologias inovadoras, amigas do ambiente, que podem ser implementadas à escala industrial e mais eficientes. Por outro lado, destaca-se pelo facto de dar uma nova vida e utilização a uma considerável quantidade de desperdícios que habitualmente resultam da indústria alimentar.” Os produtos obtidos são minimamente processados, mantendo assim a qualidade nutricional dos produtos alimentares, sem comprometer a segurança alimentar.

Até ao momento, já foi possível desenvolver vários tipos de géis de proteína recorrendo ao soro de leite, o principal subproduto da indústria do fabrico do queijo. A estes géis são acrescentadas vitaminas e minerais, o que os transforma não só em novos alimentos, mas também em produtos de valor acrescentado que contribuem para uma alimentação saudável.

Como poderá então esta inovação ser utilizada no futuro? “Uma das possíveis utilizações deste tipo de soluções será como alimento energético para desportistas de alto rendimento ou no desenvolvimento de revestimentos para protecção de produtos alimentares, como o caso dos queijos e ou charcutaria”, explicam. Pelo seu valor acrescentado, a utilização destes géis em sectores como a saúde ou a cosmética está igualmente a ser ponderada.

Além de criar alimentos saudáveis e de qualidade, há também uma significativa redução da pegada ambiental, através de um melhor aproveitamento dos recursos, contribuindo também para tornar a economia mais sustentável. Reaproveitar os bio recursos existentes no sector dos vinhos e dos frutos, através da integração de tecnologias inovadoras e amigas do ambiente, capazes de reduzir também os gastos energéticos, em comparação com o processo tradicional é o objectivo deste inovador projecto da Universidade do Minho.

 

Fonte: Green Savers 

Nielsen lança ferramenta para gerir linear em tempo real

  • Abr 21
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A Nielsen lançou o “Mobile Shelf Planner”, uma ferramenta que funciona na cloud e permite a marcas e retalhistas criar, ajustar e executar planogramas [ferramenta de merchandising que representa graficamente o posicionamento do produto no linear das superfícies comerciais] em tempo real.

Com o Mobile Shelf Planner, fornecedores e retalhistas podem ajustar facilmente a sua estratégia de linear, de acordo com o que está a acontecer na loja, através do trabalho desenvolvido na sede da empresa e ajustado às realidades das diferentes lojas, através da equipa no terreno. Esta ferramenta, disponível através de um dispositivo móvel, “ajuda a descobrir e implementar a combinação certa de produtos para aumentar as vendas de uma forma eficaz”.

Fonte: Hiper Super 

“A mão-de-obra na agricultura tem vindo a ser mais especializada. Passámos de um trabalho de ‘mão suja’ para ‘bata branca’ “.

  • Abr 20
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O secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal,  Membro do Executive Board do FNA, diz que “o setor agrícola era tido como um velho com uma enxada na mão e com o arado e hoje não é nada disso”. 

No dia 26 vai comemorar-se o Dia da Produção Nacional. O que se pode esperar deste dia?

É necessário chamar a atenção dos consumidores portugueses para a produção nacional e para o facto de ser importante consumir português, não só por razões económicas, mas também por razões sociais e ecológicas. Ao consumirmos produtos portugueses não estamos a consumir produtos do outro lado do mundo que, muitas vezes, têm uma pegada de carbono muito grande. As pessoas, de uma forma geral, perderam a noção do ciclo natural das culturas, principalmente no caso das frutas. Quando se consome cereja no Natal ou melão em fevereiro, esses produtos não podem vir de uma produção portuguesa. Nas grandes superfícies há atualmente todas as frutas durante todo o ano e como têm a indicação do país, as pessoas sabem muito bem o que estão a comprar.

O preço também pesa na decisão…

Sem dúvida, mas muitas vezes, as frutas que vêm da outra parte do mundo são muito mais caras e não é o preço que as impede de tomarem essa decisão. Vou-lhe dar um exemplo. Qual é a fruta que há em quase todos os restaurantes em Portugal, desde o mais caro ao mais modesto? Manga e abacaxi. Se pedir uma maçã ou uma pera, a maioria não tem. Quanto muito têm pera com vinho tinto. E porque é que isso acontece? Porque os consumidores querem. Caso contrário, os restaurantes não tinham manga na lista e não é barata. Tudo isto está relacionado com a perceção dos consumidores e aí temos um longo caminho para evoluir. Basta ir aos nossos vizinhos espanhóis, para eles tudo o que é espanhol é bom, não interessam os outros.

As grandes superfícies não influenciam nessa decisão?

Isso é uma questão de circuito comercial, se os consumidores deixarem de comprar fruta espanhola nos hipermercados, deixam de a ter lá.

Nota que os consumidores estão mais sensíveis para esta questão?

Acho que estão mais sensíveis. Até as novas gerações estão mais sensíveis, nem que seja por razões ecológicas ou de saúde, ou por outra razão qualquer. Mas a questão da educação também influencia muito. Por exemplo, se for à faixa dos 50 anos, a maioria tem whisky em casa, mas não tem vinho do Porto, que é uma bebida nacional, idolatrada pelos estrangeiros e que nós nem valorizamos. Ou seja, temos uma coisa que é nossa e preferimos o que é dos outros, quando os outros preferem o que é nosso. Não faz sentido, isso é uma questão cultural, principalmente quando há poucos anos foi considerado o melhor vinho do mundo, não podemos alegar que é falta de qualidade. Mas tenho uma explicação: antes do 25 de abril só havia aguardente, vinho do Porto e bagaço, só as pessoas que tinham possibilidade de ir ao estrangeiro é que compravam whisky. Quando se deu o 25 de abril, abriu-se esse mercado e, como é natural e normal, as pessoas passaram a querer ter o que não tinham. E se perguntar a essas pessoas de 50 anos porque é que bebem whisky e não bebem vinho do Porto nem sabem responder. Isso está muito relacionado com as raízes das pessoas, com a própria postura que o português tem face àquilo que é produzido cá. Basta pensar que tínhamos a maior onda do mundo e quem a descobriu foi um americano, enquanto os surfistas portugueses iam para o Havai.

Portugal é agora um destino da moda. Os produtores portugueses não poderão beneficiar dessa notoriedade?

Acho que podemos beneficiar um pouco, mas como disse é uma moda, não é eterna e rapidamente muda. É bom aproveitarmos enquanto estamos na moda porque há de chegar uma altura em que esta passa para outro. Claro que para já é benéfico por causa dos produtos que exportamos, como a fruta, o vinho, o azeite. Os turistas gostam de Portugal, os portugueses são simpáticos, o clima é bom, a comida é fantástica, os vinhos são baratos. Lisboa é bonita, o Porto também e o próprio país apesar de ser pequeno tem a vantagem de ser diverso. O pior que pode haver para um turista é fazer mil quilómetros e estar sempre tudo igual. Em Portugal isso não acontece, em quase cada 50 quilómetros a paisagem muda.

E as empresas do setor não podiam aproveitar mais?

Acho que estão a aproveitar. As exportações do setor agroalimentar estão a crescer mais do que o crescimento da economia. Neste primeiro trimestre cresceu 6 ou 7% e tem vindo a aumentar nos últimos anos.

Uma das novidades do setor diz respeito ao recurso da tecnologia. O que mudou?

Estamos a assistir a uma verdadeira revolução. O setor agrícola era tido como um velho com uma enxada na mão e com o arado e hoje não é nada disso. Claro que nos pequenos produtores que só produzem para eles não houve espaço para aderirem a grande tecnologia, mas nas empresas utiliza-se a tecnologia do mais sofisticado que existe. Recorrem a drones, a sensores de rega, a regras de precisão, a tablets para controlar a humidade do solo, tudo o que é de mais sofisticado. Vi no outro dia um esmagador de uva que separava os bagos da uva pelo peso e pela cor, ou seja, tinha uma cromatografia e pelo peso de bago separava todos aqueles que tivessem o mesmo grau de maturação. Vai resultar num vinho que nunca foi feito no mundo, era impossível alguém escolher bago a bago e, pelo peso e pela cor, conseguir fazer um lote perfeito. Isso só é possível através do recurso à informática e à tecnologia. Também as técnicas de extração das azeitonas e as técnicas de produção do vinho são agora muito diferentes. Há pessoas, mais uma vez com 50 e tal anos, que ainda hoje dizem que não bebem vinho branco porque faz dores de cabeça, mas isso acontecia há 30 ou 40 anos atrás, porque recorria-se a produtos químicos. Não havia tecnologia para fazer um vinho branco sem que oxidasse e, por isso, recorria-se a determinados produtos. Alguns exageravam no uso desses produtos e era isso que fazia as tais dores de cabeça. Hoje isso não existe, os vinhos são feitos com sumo de uva pasteurizada, em baixas temperaturas, num ambiente totalmente diferente. O mesmo acontece com o leite que sai da teta da vaca e entra no refrigerador em vácuo sem tocar numa partícula de ar. E também na parte da produção temos técnica e tecnologia que nos permite usar muito menos água na rega e sermos verdadeiramente cirúrgicos, usar muito menos adubo, muito menos pesticida ou só usar quando é verdadeiramente necessário porque existem meios de diagnóstico e meios de conhecimento que não existiam há 30 anos. Havia uns desenhos animados, a família Prudêncio, que apareciam na televisão, onde se dizia ao agricultor que as embalagens de pesticidas não podiam ser deitadas para o rio, tinham de ser queimadas e enterradas, que hoje é um crime ambiental. Isso demonstra bem a evolução que todo este setor teve.

Mas a tecnologia foi entrando a pouco e pouco…

As tecnologias vieram também no setor agrícola permitir um conjunto de inovações brutais. Hoje já há tratores que já são guiados sem condutor e são guiados por um tablet. A agricultura caracteriza-se por uma atividade física forte, com mãos na terra, mas atualmente isso não existe. As atividades são feitas por um trator com cabine, com ar condicionado, com computador ao lado e quem é hoje empresário tem de utilizar alta tecnologia. Passámos da enxada para o engenheiro químico que utiliza todas as ferramentas que tem ao seu dispor: internet, câmaras de vídeo, sensores, gestão de base de dados.

Passámos de um trabalho de mão suja para bata branca?

Exatamente. Hoje entra num lagar e encontra pessoas de bata branca. É por isso que é possível ter um azeite com um aroma e sabor que nunca teve na vida porque é usada uma determinada técnica para extrair as azeitonas. O mesmo acontece com o vinho. Alguma vez se pasteurizou o vinho? Nunca e agora é para não se adicionar qualquer produto químico. O vinho evoluiu tanto que tem o melhor do vinho novo e o melhor do vinho velho e é possível fazer as duas coisas. Antigamente tinha-se de guardar os vinhos para serem velhos, do ponto de vista do negócio isso não era bom porque os produtores tinham de esperar cinco, seis ou sete anos e os consumidores também não têm condições para estarem a guardar vinho debaixo da cama. As casas são pequenas e não apresentam condições de temperatura e de humidade.

Mas isso implica perda de postos de trabalho?

A mão-de-obra na agricultura tem vindo a diminuir, mas ganhou trabalhadores mais especializados e com maior formação. Por exemplo, para apanhar azeitona era necessário um rancho de mulheres com varas na mão e outras para apanhar do chão, agora não é preciso ninguém. É tudo feito com uma máquina que trabalha dia e noite. E mesmo que fosse feito da forma antiga não havia gente suficiente para o olival que existe no Alentejo.

As oliveiras são agora mais pequenas…

Adaptou-se para que tudo seja feito de forma a que as máquinas possam apanhar.

E as outras?

Continuam a exigir um custo brutal. Um quilo de azeite apanhado de forma artesanal custa cinco ou seis vezes mais do que se fosse apanhado pela máquina. E o azeite que é apanhado desta forma mais moderna não é pior. Só se apanha de forma tradicional se for para conservas porque as azeitonas não podem ser tocadas por aquela máquina. É o que acontece com as vinhas do Douro, as uvas continuam a ser apanhadas à mão, mas depois isso tem uma implicação no preço, tornando o vinho muito mais caro.

Mas há quem critique os olivais estarem quase todos nas mãos de espanhóis…

E quantos bancos portugueses estão na mão dos espanhóis? E os bons jogadores portugueses jogam aonde? Os olivais não são todos dos espanhóis. Eles começaram a investir, trouxeram a tecnologia, mas a grande maioria já vendeu. Mas as empresas até podem ser espanholas, mas o azeite é português e é em Portugal que criam os postos de trabalho. A agricultura não é um estado à parte dos outros setores. Se na banca, se nas construtoras, nos seguros, os espanhóis têm comprado muitos dos ativos portugueses então na agricultura não? E percentualmente até considero que é muito inferior àquilo que se verifica nos outros setores.

O INE diz que o setor perdeu mais de 100 mil mulheres desde a entrada da troika…

Isso deve-se ao facto de o setor se ter vindo a transformar. Antigamente não havia máquinas para apanhar uvas, hoje há, antigamente não havia máquinas para apanhar azeitona, hoje há. Ninguém aposta num olival sem ser desses, caso contrário, onde é que arranjava pessoas para apanhar a azeitona? Tudo isto leva a que a necessidade de mão-de-obra seja cada vez menor.

E quando havia essa necessidade também era mais difícil contratar pessoas…

Além do interior do país estar desertificado, muitas das atividades agrícolas são sazonais e não permitem contratar uma pessoa permanentemente. Antigamente havia mão-de-obra para tudo porque as condições de vida eram muito más e as pessoas também ganhavam muito mal, o que permitia ter sempre muita mão-de-obra. Mas quando as pessoas exigem outro nível de vida, isso já não é possível. Se há uns anos uma empresa podia ter três ou quatro trabalhadores a tempo inteiro, hoje se tiver é um e, por norma, é o próprio dono. Os agricultores tiveram de mecanizar porque não tinha rendimentos para pagar salários a três ou quatro trabalhadores. Há 30 anos isso era possível porque os salários eram baixíssimos.

Mas nos últimos anos apareceu uma geração mais nova de agricultores…

O setor à medida que é mais rentável e menos físico tem outra atratividade, outro sex appeal.
Passámos por um período de seca. Estas últimas semanas de chuva vêm ajudar a produção?
Passámos por um período de seca muito severa nos últimos três anos. Ainda não se foi embora, mas já deu para recuperar as reservas de água, as barragens e as florestas. Só uma pequena parte do país é que consegue ter regadio, a outra não. As alterações climáticas começam a fazer sentir o seu efeito. No mês de março choveu imenso, com temperaturas abaixo da média, se calhar daqui a 15 dias vem o calor e passamos de uma situação extrema para outra.

Ainda assim há culturas que são beneficiadas pela seca, como a amêndoa…

Todas são afetadas. As culturas que não são de regadio tiveram uma grande quebra, as que são de regadio se agora não tivesse chovido não era possível fazer nada. Alguns agricultores nem sequer cultivaram porque só começou a chover em março e já tinham tomado outra decisão porque não podiam estar à espera desta situação anormal. Muitas pessoas já não acreditavam que viesse a chover, nem era expetável que isso acontecesse. Tem de chover na altura normal, se chover em junho destrói as vinhas, os cereais, as cerejas.

Os agricultores não deveriam adaptar-se a esta mudança?

O setor já está a adaptar-se, a fazer mitigações desta situação e a ter um tipo de gestão que preveja com mais frequência a ocorrência destes fenómenos. Só há duas soluções: ou muda a altura ou muda de cultura. Estas variações sempre existiram, demoravam era uma geração ou duas a consolidarem-se. Se calhar daqui a 20 anos algumas das castas de uvas que existem no Alentejo têm de ser mudadas por outras com mais resistência. Se calhar daqui a 40 anos a pera rocha no Oeste não pode ser produzida porque não tem temperaturas baixas e é necessário ir mais para norte. Essas consequências já são visíveis com a produção da castanha ao registar uma quebra de produção na ordem dos 60% devido à falta de chuva. Mas mesmo com a falta de chuva há sempre uma solução que é regar, com falta de frio é que não há solução, pois não posso pôr um frigorífico ao lado de cada planta.

O setor também foi bastante penalizado pelos incêndios do ano passado…

O governo auxiliou alguns agricultores, outros não conseguiu. Esteve cá uma pessoa que perdeu tudo o que tinha e recebeu cinco mil euros, não compensa o que perdeu. Está patente junto de todos os portugueses que houve uma enorme falha da Proteção Civil que deu origem a mortes de muitas pessoas. O fogo faz parte do clima mediterrânico, vai haver sempre fogos, o que não se pode é repetir o número de mortes de pessoas, nem as situações que assistimos. Mas quando se repetirem situações de alta temperatura, de baixa humidade e de ventos fortes, o país vai sempre arder.

Tem o levantamento de quantos agricultores foram afetados?

O Ministério da Agricultura tem esses dados. O incêndio de junho afetou poucos agricultores porque era uma zona muito florestal, no de outubro houve mais.

Como está o ponto de situação dos pagamentos das indemnizações dos agricultores afetados?

Essas indemnizações começaram a ser pagas pelo mecanismo do Ministério da Agricultura e algumas foram provenientes do Orçamento do Estado.

O ministro da Agricultura já veio admitir que o governo está disponível para apreciar novas candidaturas a apoios para agricultores afetados pelos incêndios se demonstrarem que não concorreram por motivos de “força maior”…

Quanto mais pessoas forem ajudadas melhor. Mas não nos iludamos, não vão ser todos ajudados. A ajuda foi importante, mas podia ter sido sempre mais. Muitos dos agricultores que foram afetados não têm neste momento nada, porque ardeu tudo, incluindo máquinas. E estamos a falar de muitas pessoas com 60 anos ou mais e, por isso, não é fácil começar do zero, nem sequer têm motivação.

O governo deveria dar mais benefícios ao setor?

O dinheiro é sempre pouco para a dimensão da catástrofe e para os prejuízos que provocaram. Quinhentos mil hectares ardidos é muito, acrescido dos prejuízos que houve com fábricas e casas ardidas. Portugal não é um país rico. Podemos dizer que era possível dar mais, mas temos de ter em consideração aquilo que são as disponibilidades que o governo tem e que o país tem. O que não é aceitável foi o que aconteceu, a segurança dos cidadãos que é uma das funções de um Estado de direito não foi minimamente conseguida. E depois dizer que o problema deveu-se à falta de limpeza é igualmente grave. A limpeza de uma floresta é uma utopia de um urbano. O governo, como não sabe o que está a fazer, mandou limpar terrenos até dia 15 de março. As pessoas que limparam quando chegarem a junho já vão ter outra vez a erva grande. E os técnicos dizem que as distâncias que foram colocadas estão erradas, pois consideram que, quanto mais juntas as árvores estiverem, menos cresce erva em baixo.

E o pânico que se gerou levou alguns proprietários a abaterem árvores de fruto e de jardim…

Assistimos a muitos disparates porque a forma como as pessoas foram contactadas também foi um disparate. As pessoas deram os seus dados para serem contactados pelas finanças, não deram os seus dados para serem intimidados e ameaçados com multas se não cortassem as árvores. Conclusão, muitas pessoas não compreenderam bem a lei ou não leram aquilo com atenção ou não se aperceberam que isso só se aplicava às áreas florestais e não às áreas agrícolas e, como tal, cortaram tudo à volta das suas casas. O governo devia ser responsável por essas coisas e como não há oposição essas coisas passam e não acontece nada. Foi tudo uma estupidez e depois viu-se o primeiro-ministro e os outros elementos do governo a fazer uma limpeza em quatro sítios e acha-se que a limpeza já está feita. As florestas não são nenhuma cozinha. O que é limpar? Aquilo não está sujo. E daqui a dois ou três anos está tudo igual. Tudo isso tem um custo e a floresta não dá rendimento para suportar esse custo.

Mas há a questão de terrenos abandonados…

Isso também é uma utopia muito grande. Na realidade os terrenos abandonados andam à volta dos 100 mil hectares. Se tem um pequeno terreno que não é possível rentabilizar o que é que faz? Se tivesse numa situação dessas e me fossem multar por falta de limpeza oferecia o terreno. É como quem não percebe do assunto e passa por um terreno e acha que é tudo muito bom para se fazer qualquer coisa. Aliás Salazar fez essa asneira, impôs a cultura do trigo no Alentejo, fizeram-se verdadeiras barbaridades porque cortaram-se sobreiros e azinheiras para produzir trigo e, o que se está a ver agora é que o concelho de Beja, que era o grande celeiro de Portugal, está todo transformado num olival. Temos um clima mediterrânico, o trigo não é uma cultura propícia ao nosso clima. Temos um clima mediterrânico que é bom para as culturas mediterrânicas. É claro que Portugal é capaz de produzir trigo, mas sempre com baixa produtividade.

Que balanço faz do ministro Capoulas Santos?

É um ministro que conheço bem há muitos anos. É uma pessoa conhecedora do setor, mas tem as limitações impostas por um acordo que foi feito pelo Bloco de Esquerda e pelo Partido Comunista. Isso limita a atuação do ministro, como também limita todos os outros, assim como o do próprio primeiro-ministro. Mas nas questões europeias é conhecedor da matéria e na negociação da próxima PAC acho que vamos ter condições para conseguir um resultado final que espero que venha a ser positivo para o país.

Acordo com a esquerda limita em quê?

Há algumas matérias que faziam parte do acordo, nomeadamente a questão da plantação dos eucaliptos que é um assunto que está mal contado. É um mito que o eucalipto estraga o terreno, é um mito que o eucalipto beba muita água ou que seca tudo o que está à volta. Se se puser o mesmo número de árvores, e em vez de eucaliptos optar por macieiras, pereiras ou oliveiras, vai ver que bebem a mesma água. E se puser nogueiras bebem ainda mais. O eucalipto tornou-se uma questão ideológica. A esquerda não gosta de tudo o que significa ganhar dinheiro e é óbvio que os eucaliptos estão ligados à indústria papeleira, apesar de esta indústria exportar muito eucalipto de outros países. E também não é verdade que o eucalipto arde mais do que os outros. As pessoas que têm lareira, a lenha que põem lá são de eucalipto? Não, todas as pessoas usam lenha de pinheiro, azinho ou sobreiro porque têm muito maior capacidade calórica. Então o pinhal de Leiria não ardeu todo? O concelho de Mação não era o que estava mais protegido dos fogos e não ardeu? Com aquelas condições de temperatura, de ventos e humidade daqui a 10 anos o que devia estar a crescer outra vez volta a arder. Repitam-se aquelas condições e vai voltar a arder. Arder vai arder sempre, não podem é morrer pessoas nem arder 500 mil hectares.

Mas a limitação da plantação de eucaliptos é para se manter…

Uma das condições impostas é não se poder aumentar a área. Um partido quando estabelece acordos com a esquerda e com a extrema-esquerda fica limitado na sua capacidade de fazer política e de agir. O ministro Capoulas Santos conhece bem o setor e tem bom senso nas decisões que toma, mas quando há assuntos que fazem parte do acordo e quando as decisões já estão tomadas não há muito a fazer. Mas a verdade é que a agricultura para este governo e, isso não tem nada a ver com o ministro Capoulas Santos, está relacionado com as diretrizes políticas do executivo, não tem a relevância e a importância que teve em outros governos.

Nomeadamente pelo governo anterior?

Sim, a agricultura tinha o peso do vice-primeiro-ministro. Paulo Portas sempre apoiou publicamente a lavoura. E não é só dizer. Na altura, em que existiam dificuldades financeiras profundíssimas no país, o Proder, ou seja, o plano que apoia o investimento no setor e, que agora está a dar frutos, tinha dotações de 150 milhões de euros e agora não tem. Foi também a altura em que os pagamentos aos agricultores foram feitos mais atempadamente.

Quanto é agora a dotação?

São 90 milhões de euros. E pergunte aos agricultores como estão os pagamentos, os próprios agricultores não se aperceberam da relevância que teve isso. Estou na CAP há 28 anos e nunca assisti ao posicionamento da agricultura ao nível do vice-primeiro-ministro. Há opções políticas de apoio ao setor e elas foram mais notórias no governo anterior. Os bons resultados de agora são reflexo do investimento que foi feito há quatro anos e o que se está a passar agora vai ser repercutido daqui a uns 4 anos e é natural que venha a estagnar porque não há grande investimento.

 

Fonte: Jornal i